Com certeza você conhece algum atleta de fim de semana. Aquele que tira apenas um ou dois dias para fazer exercícios pela semana inteira, ou para praticar alguma modalidade esportiva. Para especialistas, realizar uma atividade só no fim de semana é melhor que não fazer nada, mas é preciso saber respeitar os próprios limites.
O professor e doutor em Educação Física Raul Santo Oliveira [CREF 001984-G/SP], do Centro de Medicina e Atividade Física e do Esporte da Unifesp (Cemafe), afirma que o perigo está na intensidade. Como exemplo, Oliveira cita a atitude de muitos homens que, quando chega o sábado, querem jogar futebol como se fossem o Neymar. “Quem age assim está correndo riscos de sofrer lesões ou até problemas cardiovasculares”, alerta Oliveira.
O primeiro cuidado começa antes da atividade. Aquecimento e alongamento são fundamentais, por isso, Oliveira recomenda que sejam destinados 15 minutos para isso. “Para elevar a temperatura, a pessoa pode fazer caminhada ou trote. Se a atividade for na piscina, entrar e sair da água repetidas vezes também ajuda”.
Oliveira reforça que o corpo todo deve ser alongado, mas sem forçar. “No alongamento a pessoa não pode sentir dor. Se você não consegue encostar as mãos no chão sem dobrar os joelhos, não tem problema, vá até o seu limite”.
O ortopedista George Bitar aponta a falta de preparo e técnica dos atletas de fim de semana como os principais motivos para as frequentes lesões. “As lesões musculares são as mais frequentes porque, geralmente, as articulações e músculos não estão fortalecidos para um grande impacto. No futebol, por exemplo, tem gente que quer chutar com mais força do que tem”.
Para quem joga futebol as lesões mais verificadas são fratura ou luxação dos dedos, distensão do tornozelo, distensão muscular na coxa e rompimento do ligamento do joelho. “ A maioria desses problemas acontece na praia. As pessoas acham que podem jogar descalças. A areia dura funciona como uma quadra normal. O correto seria jogar comum tênis ou chuteira especial”.
O especialista ainda alerta que a teimosia pode intensificar a lesão.“ Na empolgação do jogo, as pessoas não respeitam o próprio limite. O sinal de alerta do corpo muitas vezes é ignorado. Quando sentir dor, é preciso parar imediatamente a atividade”.
O frescobol é outra modalidade que, por atrair um público formado em sua maioria por jogadores com mais de 45 anos, faz muitas vítimas. “Essa faixa etária é mais vulnerável a lesões, principalmente no ombro e cotovelos”.
E não pense que procurar um massagista ajuda. Mexer no que está quieto pode piorar a situação. Bittar explica que algumas lesões necessitam de repouso e, quando são forçadas, podem progredir para um grau mais grave. Outro erro é tomar analgésicos. O remédio irá mascarar os sintomas e,sem sentir dor, a pessoa continuará forçando o membro lesionado. O ortopedista diz que o ideal é colocar gelo no local onde está doendo e se a dor persistir, procurar um profissional.
Churrasco, cerveja e futebol, combinação que pode causar problemas
Depois de comer carne com gordura, os jogadores entram em campo. Essa cena pode ser observada em um clube que aluga quadras para futebol society, no Canal 7, em Santos.
Manoel Messias de Oliveira, é um atleta de fim de semana. Antes de "bater uma bolinha" com os amigos, a parada obrigatória e na churrasqueira ao lado da quadra. "Eu nunca passei mal. É importante jogar bem alimentado", brinca.
Mas a nutricionista e especialista em Fisiologia do Exercício Lívia Hasegawa diz que há um grande risco desta história não acabar bem. Isso porque, de acordo com ela, a gordura e a carne vermelha são difíceis de digerir.
“Quando comemos alimentos que precisam de mais tempo para serem digeridos, o sangue fica mais concentrado no estômago para facilitar o processo. No caso de quem está praticando exercícios, o sangue estará mais concentrado no músculo e a digestão será mais lenta”.
Outro ponto é que o corpo eliminará mais carboidrato durante a atividade física. “Por isso,antes de treinar é importante comer carboidratos. Gordura, nem pensar. Ela pode acarretar vômitos e até desmaios”.
Morte súbita é um risco
Já ocorreram vários casos em que jogadores de futebol profissionais caem desacordados em campo por problemas cardiovasculares. Se isso pode acontecer a um atleta preparado, imagina com quem não está acostumado?
O cardiologista Sérgio Timerman, diretor do laboratório de treinamento e simulação em emergência cardiovascular do Instituto do Coração (Incor), alerta que é muito importante que o atleta de fim de semana passe por uma avaliação clínica.
“Um eletrocardiograma pode diagnosticar alguma complicação”.
Ele já atendeu a diversos casos em que o paciente realizava atividades físicas quando passou mal. “Se a pessoa não recebe o primeiro atendimento no local,é muito provável que não chegue viva ao hospital.”
Qualquer um pode ajudar. Primeiro é preciso verificar se a pessoa está consciente ou respirando. Quando não está,é preciso chamar o serviço de emergência e iniciar a massagem cardíaca. “É necessário fazer, no mínimo, 100 compressões por minuto”.
Timerman explica que o atleta de fim de semana corre risco pela falta de preparo físico. “É importante praticar exercícios, mas não com muita intensidade. Pode ocorrer parada cardíaca e até morte súbita. Principalmente em quem já tem histórico na família, pressão alta, diabetes, entre outros problemas cardiovasculares”.
Por: Val Gomes
O professor e doutor em Educação Física Raul Santo Oliveira [CREF 001984-G/SP], do Centro de Medicina e Atividade Física e do Esporte da Unifesp (Cemafe), afirma que o perigo está na intensidade. Como exemplo, Oliveira cita a atitude de muitos homens que, quando chega o sábado, querem jogar futebol como se fossem o Neymar. “Quem age assim está correndo riscos de sofrer lesões ou até problemas cardiovasculares”, alerta Oliveira.
O primeiro cuidado começa antes da atividade. Aquecimento e alongamento são fundamentais, por isso, Oliveira recomenda que sejam destinados 15 minutos para isso. “Para elevar a temperatura, a pessoa pode fazer caminhada ou trote. Se a atividade for na piscina, entrar e sair da água repetidas vezes também ajuda”.
Oliveira reforça que o corpo todo deve ser alongado, mas sem forçar. “No alongamento a pessoa não pode sentir dor. Se você não consegue encostar as mãos no chão sem dobrar os joelhos, não tem problema, vá até o seu limite”.
O ortopedista George Bitar aponta a falta de preparo e técnica dos atletas de fim de semana como os principais motivos para as frequentes lesões. “As lesões musculares são as mais frequentes porque, geralmente, as articulações e músculos não estão fortalecidos para um grande impacto. No futebol, por exemplo, tem gente que quer chutar com mais força do que tem”.
Para quem joga futebol as lesões mais verificadas são fratura ou luxação dos dedos, distensão do tornozelo, distensão muscular na coxa e rompimento do ligamento do joelho. “ A maioria desses problemas acontece na praia. As pessoas acham que podem jogar descalças. A areia dura funciona como uma quadra normal. O correto seria jogar comum tênis ou chuteira especial”.
O especialista ainda alerta que a teimosia pode intensificar a lesão.“ Na empolgação do jogo, as pessoas não respeitam o próprio limite. O sinal de alerta do corpo muitas vezes é ignorado. Quando sentir dor, é preciso parar imediatamente a atividade”.
O frescobol é outra modalidade que, por atrair um público formado em sua maioria por jogadores com mais de 45 anos, faz muitas vítimas. “Essa faixa etária é mais vulnerável a lesões, principalmente no ombro e cotovelos”.
E não pense que procurar um massagista ajuda. Mexer no que está quieto pode piorar a situação. Bittar explica que algumas lesões necessitam de repouso e, quando são forçadas, podem progredir para um grau mais grave. Outro erro é tomar analgésicos. O remédio irá mascarar os sintomas e,sem sentir dor, a pessoa continuará forçando o membro lesionado. O ortopedista diz que o ideal é colocar gelo no local onde está doendo e se a dor persistir, procurar um profissional.
Churrasco, cerveja e futebol, combinação que pode causar problemas
Depois de comer carne com gordura, os jogadores entram em campo. Essa cena pode ser observada em um clube que aluga quadras para futebol society, no Canal 7, em Santos.
Manoel Messias de Oliveira, é um atleta de fim de semana. Antes de "bater uma bolinha" com os amigos, a parada obrigatória e na churrasqueira ao lado da quadra. "Eu nunca passei mal. É importante jogar bem alimentado", brinca.
Mas a nutricionista e especialista em Fisiologia do Exercício Lívia Hasegawa diz que há um grande risco desta história não acabar bem. Isso porque, de acordo com ela, a gordura e a carne vermelha são difíceis de digerir.
“Quando comemos alimentos que precisam de mais tempo para serem digeridos, o sangue fica mais concentrado no estômago para facilitar o processo. No caso de quem está praticando exercícios, o sangue estará mais concentrado no músculo e a digestão será mais lenta”.
Outro ponto é que o corpo eliminará mais carboidrato durante a atividade física. “Por isso,antes de treinar é importante comer carboidratos. Gordura, nem pensar. Ela pode acarretar vômitos e até desmaios”.
Morte súbita é um risco
Já ocorreram vários casos em que jogadores de futebol profissionais caem desacordados em campo por problemas cardiovasculares. Se isso pode acontecer a um atleta preparado, imagina com quem não está acostumado?
O cardiologista Sérgio Timerman, diretor do laboratório de treinamento e simulação em emergência cardiovascular do Instituto do Coração (Incor), alerta que é muito importante que o atleta de fim de semana passe por uma avaliação clínica.
“Um eletrocardiograma pode diagnosticar alguma complicação”.
Ele já atendeu a diversos casos em que o paciente realizava atividades físicas quando passou mal. “Se a pessoa não recebe o primeiro atendimento no local,é muito provável que não chegue viva ao hospital.”
Qualquer um pode ajudar. Primeiro é preciso verificar se a pessoa está consciente ou respirando. Quando não está,é preciso chamar o serviço de emergência e iniciar a massagem cardíaca. “É necessário fazer, no mínimo, 100 compressões por minuto”.
Timerman explica que o atleta de fim de semana corre risco pela falta de preparo físico. “É importante praticar exercícios, mas não com muita intensidade. Pode ocorrer parada cardíaca e até morte súbita. Principalmente em quem já tem histórico na família, pressão alta, diabetes, entre outros problemas cardiovasculares”.
Por: Val Gomes